domingo, 30 de setembro de 2012

A Centésima noite.

O que eu tenho mesmo é medo da solidão.

Engraçado, mesmo com esse medo eu tranco a porta e me escondo no armário sempre que ouço passos se aproximando do meu quarto/mundo.
Seria insanidade deixar a porta aberta a espera e tranca-la no ultimo minuto da aproximação?

Uma vez , li um texto chamado: O limite da paixão. Nele um chinês se apaixona por uma cortesã e ela afirma ficar com ele somente depois que ele passasse cem noites debaixo da sua janela no bordel.
Ele partiu na nonagésima nona noite.

Será que ele voltou um dia? Ou será que aquelas noites ecoaram em seu íntimo pela eternidade?
Eu teria voltado. 
Eu sempre volto a deixar a porta aberta. Mas acho que os sons dos passos que não chegam, assim como a centésima noite não chegou, me fazem voltar ao meu guarda roupa.

Eu não sei como ficou o chinês, tão pouco a cortesã. Mas espero sinceramente, na centésima noite conhecer os donos dos passos que vão mas voltam.