segunda-feira, 28 de maio de 2012

Oxum e Iansã (água e vento)




Eu fui ao encontro de minha mãe Oxum, aquela que através de suas águas doces de uma cachoeira banhou meu corpo, minha alma e renovou em mim as energias.
Em tuas águas, que caiam sobre minhas costas, pedi perdão pelos feitos do passado, desejei prosperidade para o futuro mais próximo e renovei meus votos de fé.

Aliás, fé é o que me sustenta.  E ela está nas águas como no vento que em seus raios hora mais  forte hora mais leve, também banhou meu dia de magia, tranquilidade e esperança.
O vento que me enlaça pra não deixar escorregar na pedra lisa, que mostra a trilha que devo percorrer e como não poderia deixar de ser, que embala o balançar do meu corpo acalantando meu coração.

Eu sigo.  Sei que hoje mais forte do que ontem.
Eu vou.  Sei que a trilha se abre pro meu desejo mais forte.
Eu sou.  Sei que mais feliz do que posso demonstrar.


quinta-feira, 24 de maio de 2012

Descartável, porém reciclável.




Uma das sensações mais negativas, entretanto das mais recorrentes em minha vida, é a de que eu sou descartável na vida das pessoas.  Mais desgraçadamente na vida das pessoas mais queridas.
Incrível como eu me dou de corpo, alma e coração para aqueles que me cativam de forma simples e admirável. Mas esses mesmos seres, conseguem da forma mais singela e inconsciente, acredito, me fazer sentir  descartável nas suas vidas, nos seus momentos.
Acontece que sempre tem outro alguém na minha frente. Há sempre um eu te amo, mas eu não quero conversar. Estou bem por isso busco pessoas “mais animadas”. Estou aqui pro que der e vier, mas agora eu ando um pouco ocupado. Há ainda quem ressalte a importância de me ter em sua vida, mas dá um go off no facebook  pra eu não encher o saco. E como não poderia faltar, há quem faça juras de saudades, mas que não pode me ver porque precisa ver um outro alguém.
Se eu vou muito atrás, não faço mais que minha obrigação de amiga fiel. Mas se eu falo demais, não sou mais que uma amiga que reclama demais. Dramática. Chata. Emotiva. Sensível. Louca. Neurótica... e mais alguns termos que eu já ouvi da boca de quem me ama.
Aí, eu paro. Entendo muitas das vezes as necessidades de cada um. Vou mais, entendo inclusive que precisam buscar outras pessoas que façam aquele bem danado. 
Mas e eu? Eu também preciso daquele ser que me faz um bem danado. Assim sendo, eu me reciclo. O meu coração que antes era uma folha de papel amassada jogada no chão, agora se abre vagarosamente, tentando eliminar as estrias causadas pela dor do descarte.
Eu tomo uma cara nova, pensamentos novos, sentimentos novos. E como quem diz: “estou pronta novamente pra ti”, sou feliz simplesmente por ser.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

O vento pra mim é deus em movimento.




Em uma tarde de domingo, eu estava sentada embaixo de uma árvore no parque, quando uma forte ventania rapidamente folheou as páginas do livro que eu lia sem meu consentimento.
A ventania percorreu o parque e interagiu com todos que por ali estavam.
Levantou a saia da moça que caminhava com um rapaz a deixando vermelha.
Soprou o nariz do cachorro o fazendo sair correndo e latindo atrás dela, esbarrando na cesta de piquenique do casal que levou o filho pra passear.
Deu um empurrão na criança a dar seu primeiro passo na vida e cair logo após que passou.
Refrescou a senhora que caminhava lentamente ao lado da filha.
Inspirou o autor. Deu o toque final na tela do pintor.
E por fim como quem fecha um ciclo de ações em um lugar, enlaçou o casal que antes envergonhados com sua ação agora se beijavam docemente como quem agradece.